Entenda qual é a importância da cultura digital no ambiente escolar e como ela pode auxiliar no desenvolvimento das competências da BNCC. Confira!
Ao longo de gerações, a educação nas escolas foi pautada por uma metodologia pedagógica normalmente baseada na replicação de informações de maneira uniforme, sem considerar a individualidade de cada pessoa. Contudo, esse estilo de ensino chamado grosseiramente de “tradicional” já não faz sentido em um mundo que tem as informações nas palmas das mãos, com um ou dois toques.
Talvez pegando muita gente de surpresa, a era digital mudou drasticamente a forma como nos relacionamos na sociedade e trouxe uma agilidade/facilidade nunca vista às inúmeras ações do cotidiano. Com isso, abraçar a cultura digital no ensino é equiparar a escola às demandas e expectativas do século 21.
Para tanto, toda a comunidade escolar — diretores, professores, funcionários, estudantes e família ― precisa estar preparada para quebrar velhos paradigmas e assumir uma nova postura pedagógica, o que é conhecido como educação 4.0.
Então, este artigo vem justamente para discutir a importância da cultura digital na escola, seus desafios e como implantá-la de acordo com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Continue a leitura e fique por dentro do assunto!
O que é cultura digital na educação?
Desde que a internet se popularizou (em meados de 1995 até cerca de 2010), os recursos digitais eram utilizados como uma ferramenta de apoio a mais à aula do professor. Nesse contexto, a metodologia de ensino continuava sendo analógica, porém com algumas intervenções da tecnologia.
Atualmente, a grande diferença no processo de ensino-aprendizagem pautado pela tecnologia é que os recursos digitais devem ser efetivamente incorporados ao currículo escolar como um meio de desenvolvimento do projeto pedagógico.
Assim sendo, a cultura digital se refere ao uso permanente dos recursos digitais existentes e das linguagens associadas ao que chamamos de mundo digital. A comunicação passa a ser traduzida por meio de diferentes formatos (como vídeos, áudios e animações) e se estende ao uso de aplicativos, redes sociais, bibliotecas virtuais, portais on-line etc.
Tudo isso para que o aprendizado se torne colaborativo, o estudante assuma o papel de protagonista na produção do próprio conhecimento e tenha a possibilidade de vivenciar um ensino mais personalizado e os relacionamentos interpessoais se estreitem.
Qual sua importância para a formação integral do estudante do século 21?
Para compreender a importância da cultura digital na educação, primeiramente é preciso entender o que significa “transformação digital”. Especialmente no mundo corporativo, essa expressão se refere às profundas modificações em atividades, processos, competências e modelos de negócios e organizacionais para alavancar totalmente uma mistura de tecnologias digitais.
Consequentemente, a sociedade sofreu um grande impacto, com mudanças presentes e futuras, nas relações interpessoais, profissionais e de consumo. Ou seja, espera-se que, em pouco tempo, praticamente todas as nossas ações sejam pautadas pelo digital.
A partir dessas premissas, a escola deve adequar seu projeto político-pedagógico a tais demandas, a fim de oferecer um ensino que forneça todas as condições para que seus estudantes sejam preparados para as necessidades que estão por vir.
De outro lado, a cultura digital, como dissemos, favorece que os estudantes consigam explorar seus potenciais, uma vez que a utilização de tecnologias possibilita que eles identifiquem a forma como podem aprender melhor.
Por sua vez, o professor tem seu papel na sala de aula ressignificado ao deixar a posição de detentor do conhecimento para ser um tutor no processo de ensino-aprendizagem. Com isso, talentos podem ser reconhecidos mais facilmente e os estudantes têm condições de explorar suas maiores aptidões em diferentes áreas.
Qual a relação entre a cultura digital e as metodologias ativas de aprendizagem?
As metodologias ativas de aprendizagem constituem uma proposta de trabalho pedagógico capaz de modificar a atmosfera da sala de aula ao colocar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem e proporcionar a experimentação dos conteúdos na prática.
Graças à tecnologia, as metodologias ativas ganham um novo sentido, pois os recursos digitais são um mecanismo indispensável à sua promoção. Na sequência, veja alguns exemplos.
Ensino híbrido (Blended Learning)
A proposta do ensino híbrido é que o estudante desenvolva os conteúdos de forma autônoma, mesclando atividades on-line e off-line. Utilizando a internet, ele fará pesquisas e realizará atividades que complementem os conteúdos abordados em sala de aula.
Aprendizagem baseada em projetos
Nessa proposta, os estudantes encontrarão soluções para desafios sugeridos de forma colaborativa. Para isso, precisarão usar os recursos disponíveis, incluindo a tecnologia ― como é o caso da robótica ― de modo a investigar a melhor forma de chegar ao objetivo desejado.
Aprendizagem baseada em problemas
Enquanto na aprendizagem baseada em projetos o estudante “põe a mão na massa”, na baseada em problemas ele se debruça sobre a teoria. Para facilitar o raciocínio, aplicativos, portais de pesquisa, bibliotecas digitais e outros recursos para estudo on-line devem estar disponíveis.
Aprendizagem entre pares (Peer Instruction)
Aqui, os estudantes se reúnem para debater determinados assuntos, e o aprendizado acontece com base no compartilhamento de ideias. O professor faz testes e avalia o nível de retenção das informações. Essa mensuração pode ser feita por meio de aplicativos que fornecem dados sobre quais conteúdos precisam de maior atenção e o que a classe realmente reteve.
Quais recursos podem ajudar a desenvolver uma cultura digital na escola?
Como podemos observar, abraçar a cultura digital implica a escola passar a pensar digitalmente. Assim como na indústria, isso significa que todos os processos (ou, pelo menos, a maioria deles) outrora analógicos passem a acontecer por meios digitais — o que inclui desde as áreas administrativa, pedagógica, de comunicação até a segurança, apenas para citar alguns.
Por se tratar de um assunto extenso, neste artigo vamos apontar alguns recursos digitais que podem auxiliar a criação de uma cultura na escola em torno da tecnologia no âmbito pedagógico. Dê uma olhada!
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
O próprio site da escola pode se transformar em uma grande ferramenta pedagógica a partir da instalação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem. Assim como nos cursos de Educação a Distância (EAD), o “AVA”, como é chamado, rompe com as barreiras físicas da escola, e o estudante tem acesso a muitos ― senão a todos ― conteúdos ou materiais de que necessita para seus estudos.
Além disso, trata-se de um canal importante de comunicação com a família, uma vez que toda a vida escolar do estudante está registrada no AVA. Em outras palavras, é como se fosse uma mochila escolar digital, só que em vez de papel, livros e cadernos físicos, abriga todas essas informações on-line, de forma totalmente segura.
Aulas de programação
Há algum tempo, a robótica se faz presente em boa parte das escolas brasileiras. Mas é possível ir além. Começou a circular pelo mercado de trabalho um bordão que faz todo sentido ao presente cenário tecnológico: “A programação é o novo inglês”, como intitula uma reportagem do G1. Por isso, as escolas devem se antecipar a mais essa demanda e implantar essa atividade em seu currículo.
De forma lúdica, o estudante aprenderá conceitos importantes de programação, como desenvolvimento de softwares e sistemas de informação, sempre de forma transversal com outras disciplinas.
Gamificação
A proposta da gamificação é trazer o conceito e a dinâmica dos jogos para a sala de aula, sendo esta considerada também uma metodologia ativa de aprendizagem. Embora, como as demais, não necessite da tecnologia para acontecer, o mundo dos jogos virtuais torna-se um relevante canal para exploração dos conteúdos.
Redes sociais
As redes sociais são um importante meio de conectar os estudantes, não apenas com os conteúdos programáticos, mas também no que tange ao relacionamento interpessoal. Nesse aspecto, usando as mídias sociais de forma criativa, é possível garantir que estudantes, atuais e passados, e suas famílias se sintam conectados à escola, o que cria neles uma sensação de pertencimento.
Toda a comunidade escolar tem acesso ― inclusive em tempo real ― a atividades comemorativas, projetos, aulas especiais e palestras e os próprios estudantes ganham voz ao terem a possibilidade de atuar ativamente nas redes.
Livros digitais
Aos poucos, as escolas também estão substituindo os livros físicos pelos digitais. As vantagens são inúmeras. Como ficam concentrados em um tablet, eliminam o peso das mochilas e otimizam o espaço físico, além de estimularem a leitura, uma vez que é possível haver interações dos estudantes com os conteúdos.
Além disso, trata-se de uma oportunidade para os professores se atualizarem para a utilização dos recursos digitais em sala de aula e para a própria escola ampliar sua infraestrutura tecnológica.
Google Education
É um conjunto de ferramentas na nuvem que pode ajudar o estudante a aumentar as oportunidades de pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade, além de apoiar os objetivos de aprendizado. Inclui e-mail, drive, sala de aula, documentos, planilhas, apresentações, sites, calendário e suporte 24 horas.
Como a cultura digital pode auxiliar no desenvolvimento das competências da BNCC?
A cultura digital é uma das 10 competências gerais presentes na BNCC a serem desenvolvidas na educação básica. Ela justifica o papel essencial da tecnologia para o ser humano e estabelece que o estudante precisa ter domínio do universo digital.
Para isso, é preciso fazer uso das ferramentas digitais de forma ética e qualificada, bem como compreender o pensamento computacional e como a tecnologia é capaz de impactar tanto a vida das pessoas quanto a sociedade como um todo.
Dessa forma, a cultura digital deve ser trabalhada na escola em conjunto com os demais componentes curriculares, já que o domínio global dos principais fundamentos da tecnologia conecta pensamentos e elimina as desigualdades.
Com isso, para que a escola esteja preparada para abraçar a cultura digital, é preciso estabelecer o planejamento de uma agenda de implementações que inclua a adequação do projeto pedagógico, melhorias na infraestrutura, capacitação dos professores e qualificação dos estudantes para o uso das tecnologias.
A Escola da Inteligência acredita que a cultura digital é imprescindível para o estudante hiperconectado desta geração. Em meio a essa questão, também estão o pensamento crítico e a gestão das emoções.
Fonte: Site da Escola da Inteligência
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